sexta-feira, julho 30, 2004

Sensação de não saber dizer o que sinto. Alguns diriam, ironicamente - que novidade!
O que sei, na verdade, é que mudo. Agora, ao que parece, em velocidade cada vez mais frenética, jogando fora certezas, descartando planos, desmembrando esforços em uma série de causas e sem-causas...
O fato é que pus-me a pensar, a caminho do trabalho, no que já fiz e hoje desaprovo, no que já gostei e hoje abomino, nas atitudes que tive e que hoje não reconheceria em minhas próprias ações. Não quero, no entanto, fazer um comentário doído e dizer que a mudança é difícil, inesperada, etc, etc... Pelo menos isso já sei e enxergo tranquilamente: as mudanças são fatos naturais, e muito bons, por sinal! O que me deixa meio sem jeito é essa falta de perspectiva a respeito de quem sou, das qualidades e defeitos que tenho, atitudes que tolero, e do meu jeito pessoal de lidar com situações, de enxergar aos outros, a mim mesmo...
É difícil definir uma pessoa, explicá-la, descrevê-la, mesmo quando não a conhecemos tanto, não apreendemos suas nuances... O que dizer, então, de nós mesmos, se somos capazes de acompanhar cada mínimo pensamento, ou a maioria deles ( mesmo deixando correrem soltos, inobservados - enquanto dormimos, talvez - alguns deles)? Como nos definirmos? Somos aqueles que melhor nos conhecemos e é exatamente por isso que é por meio de nós mesmos que descobrimos que as pequenas sutilezas humanas são indizíveis.
Confesso: algo que li contribuiu para despertar-me estas reflexões. Tudo vai, no entanto, um pouco além de simples exercício mental: há o que percebo claramente e é fato, explícito e inegável.
Vejo às vezes pequenas amostras de vida solidificadas com tanto esforço sendo sumariamente desconstruídas, abandonadas sem intenção, malícia ou consciência, apenas tornando-se incompatíveis com nossa forma de ser, com as posturas que - erradamente, talvez, mas de forma honesta - assumimos.
Somente pequenos fragmentos do passado ainda reconheço. Atitudes e posturas que remontam há tempos atrás: por minutos, desconhecer qualquer razão, qualquer motivação, e ver-se solto e desnorteado... Encontrar-se momentaneamente fatigado, exausto pelo esforço do convívio, do entendimento, da aproximação... Buscar o isolamento, fechar os olhos e sentir-se intimamente ligado, por meio de laços inexplicavelmente firmes, ao que sempre se prezará... Tentar pegar o vento, em todos os sentidos de humano sonho, por toda a ingenuidade que só restou, talvez, em melodias...

Catch the wind - Donovan

In the chilly hours and minutes
Of uncertainty
I want to be
In the warm hold of your loving mind.

To feel you all around me
And to take your hand
Along the sand
Ah, but I may as well try and catch the wind.

When sundown pales the sky
I want to hide a while
Behind your smile
And everywhere I'd look, your eyes I'd find.

For me to love you now
Would be the sweetest thing,
It would make me sing
Ah, but I may as well try and catch the wind.

When rain has hung the leaves with tears
I want you near
To kill my fears
To help me to leave all my blues behind.

For standing in your heart
Is where I want to be
And I long to be,
Ah, but I may as well try and catch the wind.

2 comentários:

Anônimo disse...

Felipe (www.epilef20.blogger.com.br):

Balão, você está escrevendo muito... Asim não dá para ler tudo o que você já escreveu... :p Vamo fazer assim: de "Blackbird" pra cima, eu leio tudo, OK? Aí, depois, comento contigo! Falou!

em andamento disse...

Lindo.