quarta-feira, abril 04, 2007

a medida das coisas

As pessoas ansiosas sabem o quanto custa esperar. Os incorrigíveis sabem o quanto custa sua falta de parcimônia, as renúncias que fazem por culpa do seu eterno "em cima da hora". As descompensadas sabem as penalidades que sofrem por não saber agir de outro modo a não ser com o coração suspenso e a respiração presa, esperando o próximo minuto, no eterno ato de fazer mil e um planos sem, no entanto, medir a alegria, a tristeza, a possibilidade em outro ritmo senão no imediato, na rapidez do agora.
Eu queria um tempo que se expandisse para todos os lados, um passado que se fizesse bonito apenas por se deixar guardar em forma de vida, em forma de sentimentos resolvidos, e um futuro sereno o bastante pra se reconhecer como chance e risco. Queria também não só esse tempo vertical, mas um mais sensível, que se alarga, se expande em todas as direções possíveis.
Eu quero um tempo bonito como o da música, que é único sem ser reto - vivido próprio ritmo em que se faz acontecer. Mas, acima de tudo, eu quero um tempo que me leve até aquilo que desejo, mesmo eu não conhecendo sua forma, mesmo que eu não saiba chamar-lhe pelo nome.
Eu quero essa coisa bonita e preciosa que não faço a menor idéia do que seja.


"Tempo tempo mano velho
Falta um tanto ainda eu sei
Pra você correr macio
Como zune um novo sedã
Tempo tempo tempo mano velho
Vai, vai, vai...
Tempo amigo seja legal
Conto contigo pela madrugada
Só me derrube no final"