quinta-feira, julho 15, 2004

Sabe aqueles dias em que você é tomado por um mau humor irremediável? Pois é, todo mundo já deve ter sido acometido por esse mal algum dia, e para cada um há um fator crítico que desencadeia tamanho estado de irritabilidade. Para mim, um dos elementos mais estressantes da vida cotidiana, sem dúvida, é o trabalho. Se você está sobrecarregado, tende a ficar nervoso por ser demasiadamente cobrado e “entupido” de atividades de caráter urgente. Se não, sente-se subaproveitado, subestimado e todos os outros “subs” possíveis.
Mais irritante do que um dia de trabalho que você não consegue suportar só mesmo o ambiente em que esse trabalho se desenvolve. Não é por nada, mas você acaba por criar uma certa aversão ao espaço físico à sua volta, e as pobres pessoas que o rodeiam são alvos constantes de sua ira. E vou ainda mais longe: pior ainda que o ambiente e as pessoas são as músicas que você às vezes é obrigado a suportar.
Eu, na verdade, sempre tive uma relação de amor e ódio com a música: ela é capaz de mudar minha vida, tornar meus dias mais felizes e melhorar meu estado de espírito. Porém, uma música de que não se gosta ou ouvida fora de hora (e que não necessariamente diria que é de má qualidade), acredito que é capaz de infernizar a vida do mais calmo e centrado dos seres vivos. E tem dias que é assim: você passa a tarde ouvindo sons de alta qualidade, tem até vontade de trabalhar mais, produzir melhor, ou até escrever algo não-relacionado ao trabalho mas que acaba por se tornar pessoalmente produtivo pra você... ou então, dá vontade de sair por aí, largar o trabalho e ir pro barzinho mais próximo... :P Bem, isso em alguns dias... Em outros, como hoje, sabe como é... Você já chega de ovo virado, não fala com ninguém direito, sequer dá bom dia (eu sei, eu sei, isso é horrível) e a pobre coitada na sala ao lado está ouvindo uma coisa insuportável – sabe aquelas músicas pra relaxar(?), pois é, elas ainda vão me causar um infarte – e você então fica lá, a ponto de sacudir longe as caixas de som do PC da coitada, ela que não tem nada a ver com seu mau humor.
No fm de tudo, o que resta é a consciência pesada, porque no fim das contas era uma senhora já de idade, curtindo aquela flautinha miserável e achando aquilo o máximo da vida zen. Só aí você percebe que leva a vida muito a sério e resolve mentalizar, pensando que bem poderia tomar uma mais tarde, ir pra praia no fim-de-semana, alugar um monte de filmes pro feriado ou terminar de ler os livros que estão empilhados na cômoda...
Pois é, esse é o meu ideal de vida zen...

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