sábado, setembro 18, 2004

Voltando à nossa programação normal...

Usina: espaço de geração e maturação de idéias, processamento de informações, reavaliação de conceitos...
Sabe-se lá porquê, há coisas que não se explicam...
O que se sabe, com a experiência que se mostra, é que não se pode ir a esta usina impunemente...

Um poema interessante só para animar essa tão insossa volta:

Em face dos últimos acontecimentos

Oh! sejamos pornográficos
(docemente pornográficos).
Por que seremos mais castos
que o nosso avô português?

Oh! sejamos navegantes,
bandeirantes e guerreiros
sejamos tudo que quiserem,
sobretudo pornográficos.

A tarde pode ser triste
e as mulheres podem doer
como dói um soco no olho
(pornográficos, pornográficos).

Teus amigos estão sorrindo
de tua última resolução.
Pensavam que o suicídio
fosse a última resolução.
Não compreendem, coitados,
que o melhor é ser pornográfico.

Propõe isso ao teu vizinho,
ao condutor do teu bonde,
a todas as criaturas
que são inúteis e existem,
propõe ao homem de óculos
e à mulher da trouxa de roupa.
Dize a todos: Meus irmãos,
não quereis ser pornográficos?

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

Anônimo disse...

e olhe que os nossos avos nem eram tao purintanos assim!
se permita! o tempo corre!
beijao fabito

fabio disse...

Lavis, eu acho massa esse poema... Como um manifesto irreverente pra curar o mal do mundo, pra abstrair, pra responder às barbáries, tornar as pessoas mais felizes e menos sisudas. Então... Sejamos pornográficos? hauhauhauhauaa.
Bjao.