terça-feira, setembro 28, 2004

Ainda sobre o real e o virtual...

Juro que não vejo problema algum em usar a tecnologia pra aproximar as pessoas. Eu sou um viciado assumido em msn, e cada vez mais consciente, por sinal, da necessidade de controlar meus arroubos de comunicabilidade virtual, que duram horas e rendem muitas noites em claro. No msn até já conheci pessoas, e a ele com certeza devo o fortalecimento de muitas amizades. Por meio dele tem sido possível manter-se próximo a pessoas que não vejo freqüentemente e ter longas conversas inviáveis no dia-a-dia não-virtual.
O msn também é meio confessionário, oráculo, divã, sei lá... A gente fala o que não tem coragem de dizer pessoalmente, tem conversas decisivas, briga, ri sozinho na frente do computador, pede desculpas, isso com toda a expressividade que as palavras permitem. Tudo isso, no entanto, sempre em função do real, do cotidiano, da aproximação física... Por exemplo: uma outra função não mencionada mas essencial do msn – uma das mais importantes na verdade – é a sua grande importância na articulação de festas, bebedeiras, programas culturais, cineminhas de domingo, comilanças em rodízios, etc, etc. Meus fins-de-semana tornaram-se inegavelmente mais agitados após o msn, e tem sido mais fácil também lidar com o marasmo de certas tardes de domingo.
Então, esta ferramenta virtual, sim, é que é digna de aplausos, porque proporciona contatos de grande valor... Mas há tanta gente fora dela que adoro; há tantos que estão nela mas aos quais já digo tudo que penso, e todos os dias até, se possível; há tanto mistério nas ligações que unem pessoas vida afora, por tão diversos motivos, ou até mesmo pela ausência de motivos, pelo simples prazer de conviver, compartilhar; há tanta felicidade na proximidade verdadeira, em identificar peculiaridades, gestos, maneiras de olhar, diversos tons de voz, expressões faciais, nuances... Tudo isso tão bom, no ambiente não-virtual, que esta ferramenta mesmo acaba por tornar-se, também, inútil, se não contribuir para essa aproximação real ou se, oferecendo a comodidade de evitar o sempre tão arriscado contato direto, ofuscar o encontro diário entre as pessoas.

2 comentários:

Patricia Leal disse...

Fábio, vou comentar os dois textos aqui. :D
1- eu também não vejo muita utilidade no Orkut não, praticamente não leio as comunidades (no máximo umas duas, eu acho =P), mas é mais por falta de tempo tb. outra coisa, aquele negócio dos rankings, eu acho aquilo uma 'comédia'(!) o ser humano inventa coisa pra tudo né?! =P vc é não sei quantos por cento sexy, confiável, legal ("cool")...até parece que eu acredito naquilo :P hauahauhauhaua o Orkut tem me servido mais como um "e-mail", pra ver se alguém me mandou msg, ou como um catálogo de endereços (antes a gente anotava o número de telefone dos amigos, agora eu vou no Orkut e procuro o e-mail dos q não tenho :P)

2- sobre o msn: vc escreveu simplesmente o que eu penso :D sem tirar nem pôr hauahuahua mas to precisando controlar um pouco esse meu vício, às vezes entro na internet pra olhar, ou escrever alguma bobagem e quando ligo o msn passo horassssss conversando e não faço nada :P ai, ai...o ruim é que o tempo virtual não acompanha o real, aí fica difícil conciliar as coisas.

bom, vou ficar por aqui senão acabo escrevendo um post :P hauahuahua adorei os textos! :D bjão fábio!!

fabio disse...

Patsy...
Interessante vc ter comentado os dois textos juntos, pq na verdade eu escrevi tudo de uma vez só...
Acontece que ficou tao grande que eu decidi dividir em dois, e postar cada um num dia. É meio calculista, acho, mas qdo se escreve pelos cotovelos, é preciso às vezes usar esses artificios, né? :p
Ah, acho que todo mundo tem esses "arroubos de comunicabilidade virtual", como falei... Com vc acontece isso tb, né? Eu meio que vejo como explicaçao pra isso o fato de que estar no msn ate altas horas acaba sendo como prolongar o dia (ou a noite). É uma das muitas explicaçoes possiveis, acho, para esse vício...:p Bjo.
Fabio