sábado, agosto 07, 2004

Em muitas tardes (no trabalho...)

O que dizer a alguém que vai embora e inicia nova fase em sua vida, cheia de incertezas e apego, talvez, ao que provavelmente fica, aos rostos levemente familiares que não mais serão vistos, senão muito esporadicamente? O que perguntar a quem está ao lado, tão enigmático em suas expressões indecifráveis, em sua tão aparente tranqüilidade, normalidade? O que aprender com as experiências vividas tão somente pelos outros? Como penetrar aquele sutil pensamento que por segundos se desnuda em um olhar? Onde encontrar a certeza daquela lágrima tão duvidosa, que nunca sabemos se esteve mesmo prestes a cair, se refletiu realmente uma comoção ou trata-se apenas de uma impressão errônea? Qual o verdadeiro valor de cada pequeno elemento cotidiano na nossa história? O que nos comove?
Há muitas perguntas não respondidas... Há a eterna dúvida que paira, perpetuando a ânsia do entendimento: até que ponto cada um é tocado pela vida, e em que intensidade?
Resta a despedida, a falta de intimidade, a mera curiosidade... O que lhe acontecerá, agora? Que futuro haverá de traçar para si, agora que para nós será só uma pessoa que aqui esteve, com a qual não chegamos a conversar muito, talvez, mas esteve, e agora estará em outros lugares, com outras pessoas, com seu sorriso ou sua lágrima a tiracolo... Acima de tudo, a incerteza da lágrima, que ao contrário do sorriso, raramente mostrar-se-á completa, indubitável...
Todos por aí passamos. Alguns ficam, outros partem logo para desarranjar com sua humanidade o vazio dos espaços onde ainda se farão presentes. Torcida, sinceros votos de sucesso, despedida... Nem era para tanto, afinal... Mas é bom; é o encontro, ao meio-dia...

P.S. Em minha apatia, em meu sincero egoísmo, houve, talvez, a impossibilidade do convívio. Mas há, paradoxalmente, o carinho, a gratidão, a saudade...

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