domingo, agosto 28, 2005

Fábio e a vida de estudante – Parte 1

Tenho ido agora, sempre que posso – isto quer dizer: quando não tem cachaça, festinha pra ir, obrigações cotidianas, fome ou qualquer outra coisa que impeça – estudar na biblioteca da Católica. Tudo começou quando a idéia de cursar mestrado deixou de ser uma fantasia besta pra virar um delírio megalomaníaco: parei de apenas “pensar em fazer” e decidi encarar a montanha de livros das bibliografias - pra logo depois ter a certeza desesperadora de que aquilo tudo era só o “indiscutivelmente obrigatório”, mas que para ter uma pontinha de possibilidade de levar essa história adiante, a quantidade de títulos que preciso ler quadruplica, incluindo aí teoria do conhecimento, metodologia de pesquisa e outros assuntos básicos de que minha graduação capenga passou longe.
A última desculpa a ser vencida era a de comprar um caderno, e também esta deixou de ser empecilho há pouco tempo. Na verdade, o que fiz foi adotar uma estratégia que funcionava muito na infância: aproveitar o entusiasmo da compra de um novo material de estudo pra me animar às leituras, tomar nota, organizar “matérias”, definir roteiros e começar sabe-se-lá-deus-por-onde. Pena que, historicamente, essa estratégia nunca deu muito certo e, no colégio mesmo, lá para o segundo mês do ano letivo o caderno já estava todo largado, com metade das folhas arrancadas e com poucos rabiscos que só continham futilidades.
Do mestrado que é bom, aliás, (ou melhor, dos mestrados, porque pra mim nada é simples... mas deixa esse assunto pra lá...) não peguei nada. Com a desculpa cínica de pegar o ritmo e me entusiasmar, estou aproveitando estes dias para leituras de ócio e prazer que, apesar de essenciais, são totalmente improdutivas e - diria até, neste momento – prejudiciais, uma vez que o tempo já é escasso e a disposição menor ainda.
O mais engraçado é que livro da biblioteca, também, não li ainda nenhum. Vou pra lá só pelo ambiente – mais tranqüilo, porém menos aconchegante e convidativo à vagabundagem que minha casa – e para desde já adquirir o hábito. Metódico como sou, decidi terminar primeiro os livros que estavam pela metade antes de começar qualquer coisa (embora a tentação e a falta de disciplina sejam grandes). Eis porque me vi hoje durante três horas seguidas lendo um livro de James Joyce que me acompanha há tempos, e aí cabe um comentário pertinente:
Como se estuda? Como se faz isso? Porque eu desaprendi como se faz, se é que algum dia soube. Fiquei embasbacado pelo quanto foi difícil passar algumas horas sentado, lendo. Eu olhava pro lado, fechava o livro, mexia no celular, via as horas, prestava atenção ao povo que passava, contava quantas páginas já tinha lido, quantas faltavam para terminar o livro – e tudo isso lendo um romance! No fim da noite, já estava me sentindo com um colapso no juízo (vulgo estafa mental) e Joyce não ajudava muito, colocando aqui e acolá trechos em latim e aumentando suas acrobacias narrativas.
Pior é saber dessas histórias de gente que estuda oito, dez horas seguidas, sete dias por semana, sem descanso, com tal maratona já fazendo parte de sua rotina. É... Mestrado parece que é assim, né? Será que ainda dá tempo de se habituar ao estudo prolongado? Por via das dúvidas, amanhã creio que termino “O retrato do artista quando jovem” e vou ler “A máquina”, de Adriana Falcão, leitura água-com-açúcar que parece da melhor qualidade. Eu sei, eu sei, tem as coisas do mestrado. Mas é só por esses dias. Só pra pegar o ritmo e me acostumar à idéia... :p

(continua...)

4 comentários:

Patricia Leal disse...

Fábio, não sei por que, mas não consigo conter o riso em boa parte dos textos que você escreve :P salvo aqueles que me remetem a uma profunda reflexão, me acabo de rir com as tuas histórias e o teu jeito de contá-las :P hahahah e o melhor: às vezes não sei se estou rindo pela história em si ou se por estar imaginando a cena e tuas caras e bocas :P hahahah


beeeeeeijo!! :D



e segura na mão de Deus menino!! e vai!! que o primeiro passo você já tomou: comprou o caderno :P só falta começar a estudar. hahaha

fabio disse...

Pois é, patsy. Mas nesse caso, até eu tenho vontade de rir, porque essa minha tentativa de ser estudante disciplinado é tragicômica mesmo. hauhauhaua.
Vejamos no que isso vai dar... No mpinimo acho que vou descobrir coisas legais nessas minhas leituras... :p
Bjão.
(e valeu pelo incentivo... huahauhaua)

Da Mata disse...

quando vc aprender a ficar disciplinado... me ensina?
hauahauaha ;)

fabio disse...

Podexar, natha. Mas olha, ta dificil, viu? hauhauhauahuaa.
Fabio