quarta-feira, agosto 24, 2005

Reflexão em três tempos


“É legítimo que as emissoras de televisão nos atinjam com a força de ‘meios de massa’ mas que nós, apenas espectadores individualizados, não tenhamos a menor possibilidade de ‘reagir como massa’, isolados que somos por esses mesmos meios?”


“No início da estruturação das sociedades industriais instalou-se um aparelho punitivo para selecionar e adequar os indivíduos às normas. No entanto, o desenvolvimento da sociedade organizacional trouxe a necessidade e a possibilidade de implantarem-se formas de controle mais eficazes, que não gerassem tantos conflitos, que implicassem custos menores, funcionassem sem interrupções e permitissem maior previsibilidade dos comportamentos. A partir do séc. XIX pode ser identificada a ascensão dessas formas não diretas e não invasivas de controle, que dispensam a figura do vigilante ou supervisor. Elas utilizam ‘mecanismos que penetram nos corpos, nos gestos, nos comportamentos...’ (FOUCAULT, 1979, p. 150). Esses mecanismos são os controles cognitivos sobre os indivíduos. Na nossa sociedade, se está tão mergulhado em uma rede de vigilância mútua, imbricada nas relações e normas sociais, que somos todos constrangidos a nos comportarmos e agirmos de um modo determinado, internalizando certos valores, e a continuarmos agindo de acordo, mesmo longe de qualquer vigilância direta. Esse é o princípio do poder disciplinador.”


“Segundo Arrow (1974), o enfraquecimento dos laços primários dos indivíduos ocorre a partir do processo de industrialização com o tempo, demasiado longo, dedicado à organização, limitando a preservação e o desenvolvimento de outras relações sociais; a dependência salarial gera um enfraquecimento do capital social dos indivíduos, que passam a concentrar cada vez mais na organização as suas relações sociais.”


Do livro “Organizações, Cultura e Desenvolvimento Local: a agenda de pesquisa do Observatório da Realidade Organizacional”

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