quarta-feira, agosto 19, 2009

vale a pergunta

Como eu não me deixo mais iludir por fantasias de exclusividade, sei que é comum a sensação, quando a gente começa a pensar em um novo projeto de pesquisa, de que pode estar se metendo em uma grande enrascada. Mas dessa vez, mais do que nunca, eu não consigo parar de me perguntar: onde é que eu estou me metendo, afinal? É como se a vontade cautelosa de desdobrar uma inquietação muito particular – e de delimitar um universo de leituras que, sendo rico e complexo, é porém bastante restrito – trombasse de repente com uma onda acadêmica, dessas tão avassaladoras quanto suspeitas; uma onda repleta de compilações, edições especiais, reformulações de departamentos e linhas de pesquisa, proféticas viradas epistemológicas.

Assim, se pudesse hoje consultar as minhas figuras de referência – aquelas cujas leituras, nos momentos de desgosto, lembram ainda a alegria de seguir estudando e pesquisando – eu não pediria indicações bibliográficas nem grandes esclarecimentos sobre as ideias por elas desenvolvidas. Tudo o que eu gostaria de ouvir seria uma opinião sincera a respeito de como seguir de forma apaixonada um argumento em meio a lógicas institucionais tão hostis. Como insistir em uma pergunta que, por algum motivo, acreditamos que vale a pena ser formulada, quando a sua força pode estar ameaçada por um possível modismo (e digo ameaçada não no sentido de que seja declarada obsoleta em relação a este mas, o que seria ainda pior, tragada como mais uma celebração do novo que se pretende legitimar).

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