quarta-feira, março 14, 2007

contra o amor líquido

Tristeza pra quê? Quando está tudo certo, quando tudo é promissor, bonito, novo e cheio de entusiasmos, a tristeza não poderia nunca entrar. Então por isso é que evocaremos todos os sentimentos totalitários, intransigentes, ditatoriais e perversos para fazer valer a nossa vontade e mandar essa indesejável presença embora. Como toda limitação imposta, claro que tamanha sanção tem lá suas violências: pensamentos inoportunos, recaídas infames e pequenas reações adversas são previstas – mas esperamos que perfeitamente combatidas, com toda a munição que conseguirmos carregar.

Tomaremos então mais algumas cervejas, falaremos da vida e sorriremos muito – mesmo que em descompasso com uma certa inquietação por dentro -, porque temos uma vida para viver e nossa maior beleza a gente tem por dentro e guarda (uma beleza que é como aquele tecido do episódio do Chapolin – lembram? - que só os inteligentes é que podiam ver); está protegida contra a mesquinhez e só será mostrada para quem a gente bem entender – e desde já enfatizamos que temos o pleno direito de não a mostrarmos nem tão cedo, pois cada um tem suas pequenas feridas e todo ser humano do mundo merece, pelo menos de vez em quando, acreditar que não deve baixar a guarda e que ninguém é merecedor de tamanho voto de confiança: revelar a beleza escondida nos nossos mais esperançosos e delicados sentimentos.

Assim, até que as mágoas, os traumas de infância – causados talvez pela danada da Aurora, aquela pedófila! huahauhua – e as ressacas morais vão embora, continuaremos sendo apenas loucos correndo pelas ruas devidamente munidos de uma boa garrafa debaixo do braço (para beber ou tacar no dente dos insolentes, não é verdade?), lamentando a fluidez da nossa modernidade, surpreendendo-nos com a transitoriedade dos nossos sentimentos, remoendo nossa persistente - porém consciente - solidão e celebrando a amizade, que é nossa melhor resposta à incerteza desses amores líquidos que os acasos, atalhos e inconstâncias dos nossos caminhos nos reservam.

p.s. Para Lavínia e Joana, em doses iguais de afeto, copos cheios e cartas sobre o futuro nas mesas. (E porque desânimo besta a gente mata acompanhado, em noites de sushi e de bar :p).

***


These things I've found,

This girl,

These sounds,


These days are alright,

These days,

These nights.


These things almost make me smile,

These things almost make me smile,

These things

Almost make me smile.


These walks in this town,

These things,

I've found,


And this girl, she's alright

For these days

And these nights.


These things almost make me smile,

These things almost make me smile,

These things

Almost make me smile.


Seinfeld, and IQU,

New York

And Beck too,


South Park, and space men,

And this girl

Who's my friend.


These things almost make me smile,

These things almost make me smile,

These things

Almost make me smile.

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