domingo, janeiro 07, 2007

o melhor do ano



Se em 2005 o melhor filme que eu vi nos cinemas foi aquele atentando terrorista chamado Caché, no ano passado eu penso que a melhor coisa que passou por aqui foi o novo filme de Wong Kar-Wai, 2046, que deixou muita gente embriagada de amor e suspirando pelos cantos, nos cinemas, nas ruas, nos bares e nos quartos, com sua própria viagem a um espaço/tempo distante e bem particular onde as memórias e as sensações amorosas estão vivas.
Eu tenho a impressão de que, da mesma forma que me coloquei em maus lençóis ao fazer de forma tão veemente a propaganda do filme de Haneke e mobilizando pessoas para irem ao cinema assistir - e colhendo as reações mais diversas depois - também poderei ter problemas com este aqui. Então aviso logo aos destemidos que as películas desse chinês estão sempre à beira da pieguice: é algo como uma embriaguez amorosa mesmo, uma exasperação dos sentidos, com direito até mesmo a algumas idéias repetidas à exaustão - como aquela do segredo soprado no buraco da danada da árvore - o que pode aporrinhar a paciência dos menos suscetíveis ao romantismo sem limites.
Vale ressaltar também que essa obra pode ser péssima para a saúde, principalmente se você está tentando largar o cigarro. Em 2046, fumar é uma experiência quase estética, acho - assim como em seu filme anterior, "Amor à flor da pele".
Na verdade, os filmes de Wong Kar-Wai são como um bom brega daqueles das antigas: ou você embarca na dor de cotovelo ou acha um exagero só, tudo aquilo. A maior prova disso é a presença inusitadíssima da música "Perfídia", na trilha do filme.
Não é pra qualquer um não, viu? É coisa pesada: bonita e romântica de doer.
Ai, ai...

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