domingo, junho 05, 2005

Deixa um pouco de lado tuas perfeições e fita, ao menos de longe, mesmo que indiferente, a minha sujeira. Não que eu a queira expor; não que eu a tolere. Mas fita-a, porque é uma das minhas faces mais honestas, sujas, francas. Compreende a minha decadência como um instante de fraqueza, aquela hora em que a gente esquece de fingir, perde o medo do feio, esquece o segredo e, na ânsia, o revela. Mas lembra-te, ainda, que é o que de mim pode haver de mais honesto. Dá-me este desconto, quando minhas palavras tornarem-se agressivas e eu rasgar minha postura num ímpeto, e assim minhas ações poderão ser julgadas à luz dessa certeza de que, acima de tudo, há alguém com uma vontade incontrolável de acertar, mesmo que por caminhos tortos, mesmo que perdendo o rumo ou a moderação e a sensatez nos seus atos.
Por fim, imagina, ao menos vagamente, o quão difícil é recobrar a racionalidade e perceber a exposição, o desgaste e, pior, o desproposito de tudo. Lembra disso, apenas, para entender também porque eu insisto em tentar fazer diferente, em contornar, em começar um amanhã mais limpo, puro, diferente - idas e vindas no esforço de ser pleno.

Um comentário:

Da Mata disse...

Putaquepariu, Balão! Estás escrevendo para mim... ou estou por demais sensível pra me sentir em todos os lugares.
beijos,
Natha.