sábado, fevereiro 26, 2005

“Also today I experienced something that I hope to understand in a few days.”
O humano perfeito, cinco vezes obstruído, na Fundação.


É evidente que tenho escrito bem menos, nestes últimos dias. Os rascunhos se acumulam na mesma proporção em que diminui minha vontade de dizer algo. Isto talvez se deva, em parte, ao fato de que o relógio que regula o meu entusiasmo pela escrita mudou. Agora não escrevo mais à noite: todas as idéias que tenho surgem pela manhã, enquanto corro para o trabalho, e somem ao longo do dia, de modo que quando escurece só restam idéias tolas que não merecem nenhum comentário.
Não é apenas isso, no entanto. A crise do declínio do império americano – vide o filme de Arcand - insinuou-se durante o carnaval, bateu com força na quarta-feira de cinzas, persistiu ao longo dos dias seguintes e só deu trégua depois de algumas resoluções pacificadoras, reconfortantes e emergenciais, tomadas em um domingo de puta-que-pariu-pra-quê-tudo-isso-afinal.
Nada mais de choro e maledicências. Toda presepada é válida para reconquistar o ânimo e o bom humor, enquanto não se encontra, de fato, uma verdadeira motivação, a derradeira, capaz de justificar todo o resto. Algo, no entanto, teria que ser prejudicado: e foi este pequeno espaço de escritos a que agora retorno. Tudo o que pensei em dizer, nestes dias, estava diretamente ligado à necessidade de um desabafo, o que me incomodou demasiadamente. Nada de errado no uso da expressão como forma de organizar idéias, sentimentos, mas aquela necessidade do “alívio a qualquer custo”, quando se fala exaustivamente na esperança de mandar para longe os problemas, só pode trazer auto-exposição excessiva, frustração e, paradoxalmente, incomunicabilidade - esse palavrão que a gente usa pra nomear aquelas horas em que ficamos cabisbaixos, esperando em vão por uma pessoa, um momento ou oportunidade efetiva de deixar de sentir só e começar a sentir com.
Se é pra enfileirar frases gratuitas, desesperadas, degradantes ou comprometedoras, melhor calar-se. Facilita a volta. Graças a esse resquício de bom senso é assim que eu agora retorno: ainda um pouco intacto e preservando uma certa imagem social. Afinal, convém que algumas pessoas acreditem que sei o que faço, o que quero e para onde vou.

2 comentários:

Patricia Leal disse...

eh incrivel como continuamos falando a mesma lingua :)

a nao ser por algumas partes, q eu entendi (ou pelo menos acho q entendi) a q se referia, diria q vc roubou as palavras da minha mente =p

ahh fabio, que saudade :)

espero que a gente consiga se encontrar no msn pra matar, pelo menos, um pouquinho dessa saudade :D

:**********************

fabio disse...

Pois é, né, Patsy? Antes mesmo de ler teu comentário nós acabamos falando sobre isso também, no msn, né? Muito boa aquela conversinha rápida.
BJão!!!!!