Indiferença (ou O orgulho de ser um estudante “asséptico”)
Não superestimo o ambiente à minha volta, como tantos outros o fazem. Sei dos meus privilégios, conheço minha história, moldo meu mundo. Reconheço minhas possibilidades, e estas são muitas. É, perspectiva vem de berço, talvez, e as minhas são várias... Tenho um nome, uma casa, uma casca – e esta sempre está muito limpa. Ajudo aos outros, mais por caridade que por outra coisa, mas não os reconheço: os “outros” não são meus semelhantes – estes, pois, reconheço de longe, estão ligados a mim pelo umbigo.
Observo muitos mundos de janelas: a do meu carro, a do meu apartamento, a da minha faculdade... Em frente a mim há sempre uma janela a dividir, em duas partes, o ar que nos envolve: do lado de cá, uma atmosfera resfriada de ar-condicionado, criando um tom de Suíça, aquela que não conheço ainda mas me falaram que é exemplo - de cidadania, de riqueza, de sucesso, de povo, de país. Lá fora, o suor goteja fartamente das frontes atordoadas pelo barulho, as roupas grudam na pele úmida, o hálito é quente de calor e cansaço, pessoas vão e vêm num desatino – não tenho pressa.
Minha vida é asséptica e doce. Rio, falo alto, gracejo, num descompromisso cego. Nasci alienado e cresço para alienar. Sempre faço o que é certo. E é hora de girar, mais uma vez, a roda do mundo...
terça-feira, agosto 31, 2004
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Um comentário:
Carina??? que bom ver um comentario seu no meu blog... :p Quando escrevi isso foi pq tava meio puto com certas atitudes que percebi nos estudantes da minha faculdade... mas claro q sempre faço tb a reflexao a respeito de quanto deste comportamento eh meu tb, sabe? tipo... sera q nao sou demasiadamente "asseptico", insensivel a uma realidade q apenas acho q conheço...?
bjao pra tu. fabio
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