O tráfego de informações que vai do computador mosca-morta do apartamento até a lan house mais próxima me deixa completamente descompensado. A situação é tão problemática que os arquivos trabalhados em casa precisam transitar via e-mail, já que o meu pen drive sequer é reconhecido pela máquina. Entrando em uma semana crítica eu começo a repetir as confusões que o meu espírito de viajante cauteloso até então tinha buscado – com algum sucesso – evitar.
Eu pego o elevador e esqueço o porta-cédulas; eu fecho a porta e depois procuro o celular; eu vou ao locutório realizar uma chamada e parece que só então preciso do número do telefone; eu desço a Balcarce rumo ao centro e nem sei. Tudo seria contornável, não fosse pelo fato de que eu termino imprimindo a versão número um do currículo e apenas na hora da entrega noto que ali não consta o domicílio. Dias depois eu imprimo a versão número dois e só mais tarde lembro que da última vez já havia acrescentado à mão, a pedido da moça, o endereço do correio eletrônico. Agora, repito a entrega do currículo – o último referente à minha tentativa de ser professor de português, porque no fim das contas aqui eu preferiria trabalhar em um bar, juro – e mais uma vez lembro: o danado do e-mail que eu não coloquei. Tudo seria mais simples se eu pudesse salvar a versão atual no meu pen drive e descarregá-la no computador ali da esquina. Mas simplicidade pra quê. O negócio é acrescentar um borrão com a caneta-meio-falhando emprestada pelo senhorzinho da recepção, esse mesmo que vai dar um destino obscuro ao meu documento. Aí nessas horas eu me sinto como quase sempre: o menino amarelo que derruba os papéis no chão, apanha tudo com a mão imunda – a mesma com que mete o dedo no nariz, cutuca a casquinha de ferida – e quando vê já fez a maior sujeira e então vai passar um pedacinho de bombril pra ver se tira a mancha do papel (o que obviamente só piora a situação).
Como dessa vez não levei o envelope pardo, pergunto ao recepcionista – tentando resguardar um pouco de dignidade ao meu documento – se ele poderia prender as duas folhas soltas. Sim, penso em um grampeador, mas não sei como falar isso em castellano. Quando saio ainda olho pra trás e o vejo com as folhas soltas (e já rasuradas com o meu rabisco, vale lembrar), colando-as com um pedacinho de durex. Casquinha de ferida, é do que eu me lembro; manchinha tirada com pedacinho de bombril. Qualidade na apresentação: zero.
Ai, mais uma chance perdida.
quarta-feira, abril 01, 2009
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4 comentários:
mas sempre tem uma pra se achar. chance eu penso.
p.s.: só agora que tive tempo de vir "dar uma espiadinha" aqui na tua vida... tem foto näo, é?!
ahsuahsuashuasuas
my love
tu me mata de vergonha!!
oxe
procura trabalho em livraria pow! ai nao tem nennhuma livraria cultura nao?
xero e boa sorte!
Preciso dizer que adoro ler suas situações!!! Mesmo desejando mais sorte. Ai ai!
Vai aparecer a chance. Se avexe não que amanhã pode...
Beijos e saudade!
Oba! Tou por aqui agora!
Vou deixar o orkut de lado e te acompanhar por aqui... Aqui tem conteúdo, lá só elos.
Sorte! Desejo toda do mundo pra vc que é tão esforçado, tão inteligente, tão tão tão! Balão! Nunca te chamei assim, mas vi que ia rimar, aí... chamei... Heheheh.
Bjs!
Marcela (Fcap)
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