Eu admiro a integridade dos bichos que, quando doentes ou machucados, recolhem-se em um cantinho para lamber suas feridas. Mas não sei se por inexperiência, ansiedade ou mesmo por pura falta de jeito, sempre me sobra uma necessidade inconveniente de explodir aos olhos dos outros. Talvez pela pura impossibilidade de me conformar com o fato de que minha tristeza seja ignorada. Talvez pela recusa a simplesmente implodir e ter de arcar sozinho com este fardo: ser parte dos espólios e resíduos que representam aqueles que de algum modo não deram certo. Como naquela música do Ave Sangria em que o sujeito, em seu último ato de alegria perversa, ateia fogo ao próprio corpo, causando horror aos transeuntes. “Dorido, dolorido, colorido e sem razão. Ou não”.
sábado, novembro 17, 2007
o movimento contrário
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
nossa, eu mesmo me assustei agora, quando reli. será que tem volta, essa relação recife-eu, eu-recife? :p
"tente outra vez" do raul?
Postar um comentário