Sensação semelhante deve haver experimentado o primeiro ser que, depois de muita estranheza, descobre-se forasteiro, à margem do seu hábitat. E qual não é a surpresa e a perplexidade ao constatar que durante tanto tempo esteve em caminho absolutamente errado, aprendendo a acostumar-se, apesar das suspeitas, e perguntando-se: mas seria só isto mesmo, a vida?
Não que a iluminação duvidosa tenha de súbito resolvido o problema. O hábitat é delineado por sólidas paredes de vidro e resta saber – questão de ponto de vista – se ele próprio seria alguém dentro do aquário, sonhando com o ambiente em que respiraria pela primeira vez de acordo com as possibilidades de sua natureza mamífera, ou se estaria até o presente momento fora da redoma, sonhando adentrar este pequeno mundo e desempenhar o papel do feliz peixe, preenchendo o minúsculo e prazeroso espaço em desajeitadas voltas.
Cedo ou tarde, no entanto, o problema pode se mostrar despropositado ou insolúvel: no fim das contas, dos dois lados do vidro parece haver sempre
o mesmo aquário.
2 comentários:
Balãozinho...
Que desesperançoso.
tá, né?
ai que coisa! :S
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