sexta-feira, outubro 12, 2007

o dentro e o fora

Sensação semelhante deve haver experimentado o primeiro ser que, depois de muita estranheza, descobre-se forasteiro, à margem do seu hábitat. E qual não é a surpresa e a perplexidade ao constatar que durante tanto tempo esteve em caminho absolutamente errado, aprendendo a acostumar-se, apesar das suspeitas, e perguntando-se: mas seria só isto mesmo, a vida?

Não que a iluminação duvidosa tenha de súbito resolvido o problema. O hábitat é delineado por sólidas paredes de vidro e resta saber – questão de ponto de vista – se ele próprio seria alguém dentro do aquário, sonhando com o ambiente em que respiraria pela primeira vez de acordo com as possibilidades de sua natureza mamífera, ou se estaria até o presente momento fora da redoma, sonhando adentrar este pequeno mundo e desempenhar o papel do feliz peixe, preenchendo o minúsculo e prazeroso espaço em desajeitadas voltas.

Cedo ou tarde, no entanto, o problema pode se mostrar despropositado ou insolúvel: no fim das contas, dos dois lados do vidro parece haver sempre

o mesmo aquário.

2 comentários:

Beto Efrem disse...

Balãozinho...

Que desesperançoso.

fabio disse...

tá, né?
ai que coisa! :S