Tem um livro bonito de contos uruguaios do qual tenho extraído rápidas leituras, sempre que posso. Chama-se “As palavras andantes”, de Eduardo Galeano, e é todo ilustrado com xilogravuras de J. Borges, uma maravilha. O problema é que ele é ensolarado demais, folclórico, seco, mitológico e fantástico demais para este tempo - em Recife cai uma chuva grossa e boa de quietude.
Daí lembrei de um trechinho em que o autor fala dos meses do ano e descreve cada um, em uma “janela sobre o tempo”. Ele fala, por exemplo: “Em abril, tempo de silêncio, crescem os grãos do milho”.
Eu gosto dessas representações dos meses ligadas ao campo, à lavoura, ao semear – com os ciclos naturais regidos por uma lógica e uma sazonalidade que não existem mais por estas terras. Essa austeridade e coesão telúricas estão muito longe daqui, de fato, e a chuva forte de Pernambuco parece que só semeia mesmo cinza, vontade e silêncio e, por ora, o que se faz é refletir, ver - no mais urbano sentido de contemplação -, descansar, ler, tecer pensamentos e sentir consigo, calado.
Mas vejamos se daí germina alguma mudança. Segundo Galeano, “maio é tempo de colheita”. Eu, sinceramente, gostaria de não mais ler, em despretensiosas palavras alheias e em pequenos detalhes, nenhuma promessa. Mas... vejamos. Sempre se pode correr o risco e o êxtase de esperar...
quarta-feira, abril 26, 2006
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2 comentários:
estamos nos comunicando, sim!
essa espera maldita ainda me acaba!
esperar esperar pq há tempo pra tudo!
esperar é sempre foda.
e eu, na minha ansiedade aguda e inata ainda pego corda com uma boa disputa mais ou menos assim:
"(...)
- A paciência é a maior das virtudes.
- Mas a impaciência também tem seus direitos!"
mas fazer o que, ne? esperemos. mas com pouca esperança, por favor...
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