Na ocasião da primeira vitória de Lula como candidato à presidência, lembro a euforia que tomou conta de todos aqueles que, de algum modo, mesmo que timidamente, militaram em sua campanha. Eu, no auge do meu entusiasmo político, compartilhava com muitos a expectativa de ter um governo federal composto por muitas das figuras que admirávamos e que tinham se tornado referências por se destacarem como políticos que, de certo modo, pareciam compartilhar conosco muitas posturas – e por nós refiro-me aqui principalmente ao meio estudantil, ponto a partir de onde vivenciei tudo na época. Era animador, por exemplo, ter figuras como a de Cristóvam Buarque - que em 2002 participou da abertura da Estatuinte da UPE e que tão bem havia falado, na ocasião, das ansiedades e desejos da comunidade acadêmica – no Ministério da Educação. Enfim, essa figura que, na ocasião da estatuinte, falava conosco contra eles, iria agora estar lá – ou pelo menos foi assim que eu, ingenuamente, recebi a divulgação desse e de muitos outros nomes que iriam compor os ministérios.
Sem dúvida, no auge da “esperança”, quase tudo aparecia como indício de que uma oportunidade histórica de fato se confirmava. E ao lado desses nomes, muitos já conhecidos, foi a figura de Marina Silva quem melhor personificou para mim esse entusiasmo. Ex-seringueira, alfabetizou-se no Mobral, fez supletivo e entrou para a Universidade Federal do Acre, onde cursou história. Aproximou-se do marxismo e, engajada em movimentos políticos na região norte, onde lutou ao lado de Chico Mendes pela defesa da Amazônia, participou da fundação do PT e da CUT, na década de
No entanto, não só em relação ao meio ambiente como em praticamente todos os outros pontos, o governo Lula demonstrou ser bem menos transformador do que a ingenuidade política me faria crer, e foi ainda a figura de Marina quem simbolicamente indicou para onde o embate de forças desse “governo em disputa” – jargão que se tornou comum na época e que, não raramente, servia inclusive para que a militância mais fiel justificasse as crescentes e lamentáveis “concessões” realizadas – pendia com mais força. Marina Silva manifestou-se de forma crítica e combativa em diversas disputas relacionadas ao meio ambiente, como no caso da construção de hidrelétricas e de Angra 3, nas questões dos transgênicos e dos biocombustíveis - para citar apenas alguns dos pontos que foram pauta nestes anos - e, na maior parte das vezes, foi solenemente ignorada, quando não publicamente advertida.
2 comentários:
Balonete:
Pois é, Elvis morreu. E com ele nossos sonhos.
Do movimento estudantil, ainda bem que restaram os amigos.
Mas da Amazônia, por mim podem concretá-la inteira e construir um grande estacionamento que eu não tô nem aí. Ha ha! (Mentira, eu sei de todo o impacto ambiental que isso causaria. Mas esse papo de "aquecimento global" já me deixou de saco tão cheio quanto o caso Isabella)
E concordo com vc que Marina Silva ter saído do governo foi uma pena.
Beijo beijo.
Luv ya.
Pois suas palavras seriam minhas. É emblemática sim a retirada de Marina. E a "disputa", a gente bem sabe que nunca existiu. O que fere, meu amigo, é ter de assumir: é o jeito, neste campo, não há alternativa. E mais: votarei novamente no Partido, embora, é verdade, sem lá muitas emoções...
Postar um comentário