quinta-feira, fevereiro 07, 2008

notas de carnaval #2

Há uns dois anos parecia impossível, mas já começo a considerar o momento em que o carnaval de Recife vai deixar de me despertar grande entusiasmo. Este ano percebi que meu interesse já demonstra sinais de cansaço, minha alegria já parece um pouco institucionalizada - e nada mais insosso que uma alegria meio-termo, meia-boca, vivida de uma forma que a gente já sabe como começa, quando termina e até onde é capaz de ir.

Porque no fim das contas eu sou a contradição de uma criatura extremamente carente de seguranças de todo o tipo que, no entanto, só consegue aceitar uma vida com aventuras, que se transforme e refaça constantemente. Até acho isso bom, tenho aprendido cada vez mais a viver dessa forma meio mutante, aceitando e vendo com bons olhos o fato de que a gente muda tanto com o tempo que até as coisas mais estimadas são meio que deixadas de lado, depois.

Tem acontecido assim com Recife, que há alguns anos parecia a cidade da minha vida, e agora me faz sentir meio preso, com a sensação de que estou estagnado no meio do tempo, sendo observado pelas mesmas pessoas de sempre e que, não raramente, são chatíssimas. Acontece agora também com o carnaval daqui, que é o cúmulo de Recife: é "Recife" entre aspas, potencializada, exagerada. A beleza das pontes aumenta; a maravilha que é andar pela balbúrdia das ruas da Boa Vista aumenta; o prazer simples que é perambular pela Cidade Alta, em Olinda, aumenta, mas tudo em escala proporcional ao fedor, ao caos do transporte coletivo e à famigerada pernambucanidade, dentre outras coisas, que são levados ao limite. Tudo em Recife é demais nessa época do ano, e o carnaval daqui, na minha opinião, tem se confundido com o mesmíssimo e por vezes irritante hábito de "fazer a social".

Obviamente isso deve ser culpa minha. Será que é a falta de bebida? Provavelmente. A vida sem álcool, sobretudo por estas bandas, é de fato uma chatice e nessas ocasiões apenas uma frase me vem à mente, aquela de Erickson Luna: "a sobriedade é medíocre".

Mas não, não é isso. Provavelmente não tem nem tanto a ver com carnaval. É algo diferente, que acontece aqui uma vez que é onde estou, mas que diz respeito a outras coisas, mais amplas e difíceis. Volto a isso outro dia, que é quando pretendo falar sobre madrugadas, política, filmes e Godard. Enquanto isso, tento elaborar melhor o que incomoda e que me parece tão difícil de nomear.

Acho que perdi o jeito na vida para as coisas abstratas...

5 comentários:

Anônimo disse...

oxe

é só tu ir pra nox q vc vai conhecer gente nova!
ashuahsuahsuahsuahsuashaus

beijo me liga

Anônimo disse...

baläo, se teu problema näo foi a falta de álcool foi a idade...
=P

Beto Efrem disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Beto Efrem disse...

Na Nox se (re)conhece gente?
;-)

Balãozin. Perca o jeito para o abstrato. Tranforme-se num materialista histórico dialético, como eu. Seu marxista enrustido! ;-)

cheiro!

Anônimo disse...

ei .. que comentário foi esse ai excluido? fiquie muitooo curiosa!!!

xero