sábado, maio 27, 2006

essa incansável lavoura do quase-domingo...

“sentindo duas mãos enormes debaixo dos meus passos, me recolhi na casa velha da fazenda, fiz dela o meu refúgio, o esconderijo lúdico da minha insônia e suas dores, tranquei ali, entre as páginas de um missal, minha libido mais escura...”


“o tempo, o tempo, esse algoz às vezes suave, às vezes mais terrível, demônio absoluto conferindo qualidade a todas as coisas, é ele ainda hoje e sempre quem decide e por isso a quem me curvo cheio de medo e erguido em suspense me perguntando qual o momento, o momento preciso da transposição? que instante, que instante terrível é esse que marca o salto? que massa de vento, que fundo de espaço concorrem para levar ao limite? o limite em que as coisas já desprovidas de vibração deixam de ser simplesmente vida na corrente do dia-a-dia para ser vida nos subterrâneos da memória...”

quinta-feira, maio 18, 2006

sand river

Há quem diga que o que determina a importância de algo é a sua permanência. Se ficou, se durou, então é porque é bom, é verdadeiro. E eu pensei nisso com relação à música também. Vendo um filme no último domingo, na Fundação, eis que em uma das melhores cenas eu escuto a voz doce e macia de Beth Gibbons cantando uma de suas músicas mais bonitas, e lembro que já há bons três anos eu venho escutando o seu Out of season, e é como um estado de espírito, – essa capacidade que a música tem de guardar sentimentos pra mais tarde, pra que a gente possa retomá-los do lugar de onde parou, ao ouvi-la de novo! – como uma história feita de chuva, frio, tempo cinza e recolhimento. Há músicas para o sol, para o mormaço e também para o inverno – e quando chove eu lembro do Out of season, como lembro também, sempre, de Magnolia.
Talvez o passar do tempo determine as músicas que são modismos e as que fazem parte de nós, as que incorporamos ao nosso repertório de sensações e lembranças. Mas há também aquelas que ouvimos algumas vezes, ou durante um determinado período, apenas. E também essas, algumas vezes, a gente nunca esquece...

“Everybody knows this time
Shadows are drifting in silence
Where lost can't be found
Everybody knows this time

You'll get by
Move it on, let fate decide
And those water-coloured memories
Soft as a summer's breeze
...”

sábado, maio 13, 2006

sobre aquela dos beatles...

Eu já contei de quando e por que eu me intriguei de uma música dos Beatles?

Não foi nada sério, foi mais um trato. Eu não a escuto e ela não toca pra mim - embora nem sempre ela cumpra o acordo.

Mas um dia a gente se acerta e eu vou poder ouvi-la de novo, inteira.